Acordar em desacordar
Vejo, na televisão, que o Brasil está fazendo toda uma campanha para divulgar o acordo ortográfico. Há realmente um esforço nacional para se reeducar e se adaptar ao acordo.
Porém... aqui, em Portugal, não vejo isso.
Claro que há a tradição portuguesa de fazer as coisas na ultima hora.
(confesso que desconhecia esse factor e ainda não me habituei a ele. Por isso que sou sempre um dos primeiros (se não for O primeiro) a esperar nos locais e depois de algum tempo chega sempre um português que admite a culpa invocando a tradição)
Então, sabendo que têm um prazo que ainda não chegou...
Mas há a acomodação e indiferença “normal” que é compreensível por ser a tal tradição mas também encontramos um fenómeno que aparece em ocasiões muito inusitadas: o patriotismo desenfreado.
Porque esse fenómeno é estranho?
Quero lembrar que em 2004 foi o Scolari que apresentou a bandeira aos portugueses e pediu para apoiarem a seleção.
No meu
post anterior, falo da importância da presença e do apoio e que isso mostra uma sensibilidade, atenção e amor. Se é preciso haver apelo na televisão (por um treinador estrangeiro) para vestirem as cores do país, adoptarem a bandeira e estarem presentes a apoiar... onde está o amor?!
Então, há o tal patriotismo desenfreado que faz com que as pessoas vejam que está ameaçada a sua imagem nacional
(qual imagem?) e por isso fazem campanhas e acordos para desacordar e minar aquelas potenciais ameaças.
O acordo por mim, sinceramente, não faz diferença para mim. O que me incomoda são os revolucionários do momento que fazem correntes nos e-mails “minha pátria, minha lingua”, etc, etc, etc...
Para fazer campanhas com grande impacto, há que saber manipular a ignorância dos manifestantes e, assim, nesse meio encontramos um monte de erros e coisas sem sentido que são faladas só para atiçar essa gente que parece que acordou agora de um sono e por isso ainda está meio desorientada.
“Ahhh ‘pacto’ vai ser ‘pato’! Quac-quac!” – Mentira! Mas... um manifestante não vai ver se isso está certo porque o importante é fazer barulho. Não é pela causa... é só mesmo pelo barulho.
A realidade é que houve um acordo de todos os países que falam português para unificarem a ortografia
(e não a lingua). Será que foi boa ideia?! Não sei. Também vou ter que me acostumar com a ideia. Agora usar a desculpa para ser xenófobo...
De maneira bem pessoal, dói-me essa aversão ao Brasil.
“Qualquer outro país é bem vindo mas aqueles caras que criamos e cresceram mais que nós...”
Disto surgem mitos urbanos:
“_Ahh la no Brasil é assim mesmo!
_Mas... você já foi no Brasil?
_Não... mas me disseram.”
E aproveito para dizer uma coisa:
Devia haver uma regra! Uma norma imposta pela decência que dizia algo do tipo:
Se só colocas defeito numa coisa, é indecência tua usufruir disso!
Porque encontro gente falando mal sempre mas depois de onde vão tirar musicas e outras coisas?!
Quero dizer que os brasileiros não têm defeitos?
Não, claro que não. Mas também não podemos olhar só pelos estereotipos, porque se formos por eles até o Zé Povinho português é um total idiota!
Tenho aqui muitas ideias soltas mas... acho que dá para ver o sentimento que impera!
Sugiro também a agradável leitura do post de um amigo sobre o assunto.