Antes e depois...
Estava a pensar, no outro dia, como o carnaval é uma data que não me diz absolutamente nada.
Sempre que digo isto, me dizem logo “ohh, mas um brasileiro a dizer isso?!”... pois é verdade!
Não há razão porque gostar do carnaval. A única razão que me ocorre é o tempo de férias que tenho nessa época.
Talvez seja engraçado fazer uma festa fantasia, com fantasias do tipo venezianas, mas isto é num ambiente “fechado”, mais restrito, com pessoas conhecidas. Um ambiente como num aniversário, uma festa de curso, talvez uma festa no trabalho porque assim podemos passar pela pessoa e pensar “quem é esta figura? Será que é aquela jovem amiga da mariazinha?”, ou então vemos o drácula a conversar com uma múmia e achamos engraçado porque achamos que o Zé está bem fantasiado de drácula... coisas assim!
Ao contrário do carnaval que é uma autêntica barbárie! Aquela multidão na rua, toda mascarada, sem propósito nenhum. Oportunidade perfeita para delinquentes. Aqui já passamos pelas pessoas e só pensamos “será que este é boa gente ou tenho que entregar a alma ao Criador agora?!”.
O clima de europeu também não ajuda as festas ao ar livre.
Quando estava no Brasil, também não gostava. Ia só sentar na mesa do segundo andar para olhar para a janela (era pequeno e não tinha altura suficiente) para ver o movimento na praça e nos campos de futebol que estavam do lado da nossa casa e ficava de lá a implicar com quem passava na rua.
No ultimo carnaval que passei lá, lembro que tinha um vizinho amigo, Bruno, que se vestiu com uns lençóis (estilo vestes árabes) mas azul claro e depois tinha uma máscara de bruxa... Estava uma fantasia muito bem feita, não era coisa feita em casa de qualquer maneira. Aquelas roupas voavam no vento e dava para destinguir bem no meio da multidão aquela bruxa porque aquele azul ajudava a sobressair mas, mesmo sabendo quem era e que era só uma máscara, me dava um medo desgraçado. Afinal eu só tinha 7 anos...
Chegamos em Portugal, em agosto de 1992, e depois das férias fui para a escola. Primeiro carnaval no país (1993) lembro pouca coisa.
Lembro que demos boléia a um ninja e a sua mãe. Algum tempo depois vejo o ninja na escola e 2 anos depois ele foi da minha turma. Reconheci o Jaime pelos olhos azuis e porque tinha a mesma mãe do ninja e depois de conversarmos confrontamos as versões e verificamos que ra ele mesmo.
A professora da escola pede para a turma fazer um desenho de como foi esse carnaval para nós (voltando a 93) e então eu desenho o que vi na rua. Agora olhando o desenho recordo-me mais ou menos de ver uma professora e a sua turma de indíos, as joaninhas e também lembro das dificuldades que tive para representar tudo. Bem, valeu a pena porque meu desenho, com minha visão de estrangeiro que ainda não se habituou ao país, foi escolhido para sair na 1ª página do jornalzinho da escola.
Eis uma foto de um exemplar que tinha aqui! (Eu guardo essas coisas. Se procurar direito também devo encontrar o jornal do "Clube do Mar" onde tem um poema meu... mas esse não sei se quero encontrar! :p)
(Lembrem-se, ao ver o desenho, que eu tinha apenas 7 anos na altura!)