Small talk!!
Eu gosto de, no verão, ir à piscina ou praia e “jogar ao disco” (o nome da modalidade é “frisbee” e tem até uma
página na internet...). Costumo jogar fazendo passes. Formamos um circulo e vamos jogando o disco fazendo aquela sequência... Sabem como é, não é?! O bom dessas situações é ir com alguém que amigo porque depois todos os pequenos prazeres têm mais significado. Lembro, agora, dos bons e velhos tempos de ir com o pessoal da natação...
Não é um jogo tão simples como parece. Temos que ter em conta a distância que nos separa, a força do vento, os obstáculos que estão no trajecto do disco, com quem você está jogando...
Você, no seu nível de perícia, consegue executar um passe directo para a pessoa, e por vezes, você tem a mão tão calibrada que consegue fazer efeitos no disco, aproveitando o vento, que, literalmente, fazem o disco parar no ar em frente a pessoa. Não é sempre! Não é um nível de profissional! Mas é um nivel aceitável que dá para fazer um joguinho agradável!
Mas acho que todos já tivemos a experiência de fazer um jogo assim (com disco, futebol, voley,... ou qualquer outra coisa) com uma pessoa que não tem o seu nivel de técnica. Ao falar isto, imaginar o jogo é algo imediato. É um jogo que não irá fluir porque terá sempre interrupções (e se você estiver fazendo papel de
babysitter... uff... já não é monótono, é tortura mesmo!). Não estou falando de pessoas com um “dia não” porque há dias que não estamos com o desempenho tão bom e também é chato, mas me refiro, sim, a pessoas que nunca têm um “dia SIM”.
Para falar verdade, nesses casos nem há jogo. Passamos o tempo todo a ir buscar o disco lá longe, que a criatura devia ter atirado a você, mas nunca acerta no alvo... e nessas “viagens” você começa colocando em causa algumas coisas. Como, por exemplo, a motivação:
“Esta criatura não quer jogar mais!”; o propósito:
“’Tá só a querer me irritar!”; a capacidade motora e estado do seu aparelho sensorial:
“Mas que ignorância foi esta?! Será que é cego?!”; E, por fim, conclui, um quanto indignado, sobre seu intelecto:
“É burro ou estúpido... de qualquer forma: é retardado!”...
Utilizo esta situação para ilustrar o que eu acho que há de errado na comunicação. Curiosamente, da mesma forma, conversar com alguém é algo que necessita treino e prática mas as pessoas também não têm consciência disso. Por isso que tanta gente não é “boa de conversa”.
Vamos ver a semelhança do exemplo que dei e da vida real: Temos emissor e receptor (os jogadores) que partilham o mesmo código (o disco ou o idioma) que tem o canal de comunicação (a trajectória) que pode ter ruído, que são obstáculos que dificultam a troca de mensagens.
O que eu tento expor neste texto é que para conversar tem que haver mais que as simples regras de educação. Há regras implicitas que, geralmente, coincidem com o bom e velho senso-comum. Têm que haver sintonia entre as pessoas. A “sintonia” é aquela simpatia, a partilha de interesses semelhantes. Também tem de existir o respeito e a consideração que é aquilo que leva você ter a decência de não fazer ignorâncias durante a conversa.
Conversar com alguém pode ser uma experiência profundamente enriquecedora! Você irá criar laços de amizade, irá aumentar a consideração pela pessoa porque saberá que ali está alguém que pensa de maneira lúcida e clara que, pode discordar com você, mas demonstra o ponto de vista dela de maneira tão digna que faz você ir lá sempre pedir conselhos e aprender algo novo. Um momento de conversa pode ser, assim, algo extremamente prazeiroso porque será um tempo que irá fluir e será uma optima ginástica para o seu intelecto.
Conversar com alguém que não quer conversar é impossivel! Lembra aquela imagem de você indo lá longe buscar o disco que veio do passe mau dado?! Pois é... é igual! Tanta coisa pode dar errado! Haverá aqueles “cortes”; quebras de raciocínio; você pergunta uma coisa e a pessoa irá responder outra; a linguagem pode ser educada (sem palavrões) mas a maneira de falar pode ser ofensiva; com sarcasmo; hipocrisia; titulos; preconceitos; agora a mentira esta separada por uma linha ténue; ...
“Titulos” é um aspecto que resolvi falar só porque acho que é mesmo prejudicial. As diferenças entre as pessoas e os seus titulos é, como o respeito e a autoridade, coisas que a pessoa ganha e não algo que se peça. Se você vai falar com a pessoa e tem que lembrar a ela “olha que eu sou o sr fulano de tal...” então você está em problemas de autoridade, de auto-confiança e também não é bom se esconder atrás de titulos porque isso é ridiculo e decadente e só leva a outra pessoa pensar “come here and fight like a man...once!”.
Mas acho que resumindo: a distância entre os jogadores e outros problemas podem não ser relevantes se os dois estiverem dispostos a jogar!